Em busca do anel Lunar- Missão narrada para Léia Bennett D'mon

O dia estava maravilhoso, sol radiante e céu azul. Acordei com uma empolgação não muito comum e surpreendi a todos os meus irmãos arrumando minha cama, tirando pó do criado-mudo e até varrendo o chalé. Sorri para Emily, minha irmã com que eu tinha mais entrosamento, e fui trocar de roupa. Coloquei uma regata básica, um shorts jeans e uma rasteirinha fofa. Eu estava simples, comparando com as roupas de marca e elegantes com que eu geralmente usava. Mas, falando a verdade, era muito melhor se vestir mais simples, você se sente mais limpa. Bom, a manhã passou rápida e todos já havíamos almoçado quando percebi uma agitação fora do normal lá fora. Fui até a praça, onde se encontrava a fonte e ouvi gritos de indignação vindos do escritório do Sr. D. Passado alguns minutos, uma garota vestida para lutar, saiu do escritório batendo a porta com passos firmes e estava indo direto para... meu chalé? Bom, ela caminhou com passos fortes e uma postura de respeito até meu irmão Mihael e falou:
-Diga a senhorita Léia Bennett D'mon, que eu a espero nos campos de morango.
E sumiu em uma nuvem de fumaça. Não pude deixar de sorrir, Ártemis tinha estilo. Bom, ela pareceu não ter me visto, ou simplesmente não me reconheceu em meio a outros campistas, mas pude ouvir o que ela disse á meu irmão, então logo saí correndo até o Campos de Morangos para me encontrar com a deusa. O que quer que fosse não era boa coisa, ela parecia arredia e irritada. Quando estava chegando, pude ver a silhueta de Ártemis á 50 metros. Caminhei lentamente, mas com convicção até ela. Ao me deparar frente á frente com a jovem deusa, fiz uma reverência.
- Olá deusa Ártemis. - me recompus - O que quer comigo?

Eu apenas fiquei com os olhos arregalados. Antes que eu pudesse falar alguma coisa ela evaporara. Como assim recuperar um anel que nem sei como é e que não faço a mínima de quem roubou e muito menos em que lugar de New York devo procurar. E por que tinha que ser eu? Bom, simplesmente eu tinha uma missão, e era pra já. Ártemis parecia muito aborrecida pelo roubo, esse anel deve ser muito importante para ela, afinal. Bom, corri até meu chalé, peguei uma mochila e coloquei vários suprimentos: duas garrafas térmicas com água, ambrosia e néctar, uma camiseta e um casaco. Prendi o chicote em meu cinto e coloquei meu bracelete que virava uma armadura. Coloquei meu coturno marrom e prendi os cabelos. Fui falar com Quíron para informa-lo que eu estava indo pra New York, minha cidade natal, á uma missão para Ártemis. Bom, Argos me levou até New York e me deixou em Manhattan. Com a mochila nas costas, meu colar da transformação, meu chicote e minha armadura compactada em forma de bracelete, eu continuava sem ideia de onde procurar e o que fazer. Resolvi então caminhar um pouco para pensar e talvez, Ártemis dar alguma pista para mim.

Spoiler:

Bom, eu estava caminhando com calma, tentando avistar algum sinal de Ártemis ou um monstro, quando um cara alto, moreno, surpreendentemente belo se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido:
- Geneva. - ele falou em grego, mas claro que eu entendera perfeitamente. Era uma cidade nem tão longe dali, pequena, mas muito bonita, onde eu ia com meu pai quando era criança. Bom, chamei um táxi que me levou até lá em poucas horas, eu tinha um pouco de dinheiro mortal então não precisei usar meu charme para seduzir o motorista. Chego em Geneva, e desço no centro da cidade e percorro alguns metros á pé, entrando em becos e ruas estreitas, tentando captar algum sinal de algo diferente do normal.

Eu fui até a praça de Geneva que, felizmente, estava completamente vazia. Resolvi sentar um pouco em um banco, estava cansada de andar. Peguei uma garrafinha que havia trazido na mochila e bebi alguns goles, admirando as flores coloridas ao meu lado, que pareciam terem sido plantadas em forma de seta, que apontava para a floresta. Me engasguei cuspindo água para todos os lados. Sim, as flores estavam em fileira e formavam uma seta que apontava, sem sombra de dúvida para a floresta. Bom, mas parecia um sinal de Ártemis. Enquanto eu pensava nisso, uma voz ressoou em minha cabeça:
" As flechas, assim como os arcos e os animais são símbolos da deusa da lua..."
Eu não sabia ao certo o que isso queria dizer, mas evidentemente, estava falando de Ártemis. Bom, pousei minha mão direita em meu chicote preso ao cinto e parti cautelosamente em direção á floresta. Antes de entrar, eu então resolvi me transformar em algum animal, mas com minha mochila não iria dar certo. Resolvi então deixar minha mochila escondida na praça e usando meu colar da transformação, fechei os olhos e me imaginei como um puma, e quando abri os olhos, eu estava de quatro, e me sentia em casa. Caminhei então pela floresta de olhos bem abertos.

Spoiler:

Eu me sentia definitivamente um puma, se não fosse meu cérebro pensante, eu podia ficar o resto da vida como um animal e não me sentir "fora de mim". Galhos secos quebravam quando eu os pisava. A noite estava começando a cair, o calor estava indo embora e uma brisa quase fresca começou a percorrer a floresta. Logo, animais noturnos iriam começar a se movimentar. Olhando para o céu, percebo um brilho prateado, parecia uma jóia, mas seria fácil demais se fosse o anel de Ártemis. Bom, transformei-me em uma bela águia de rapina e voei até o topo da árvore. Sorri, mesmo com desconfiada e analisei o anel, era prata perolado que magnetizava o brilho da lua. Com certeza era aquele o colar. No momento que eu toquei o anel, tudo mudou, a brisa fresca se transformou em rajadas de vento frio que de uma certa forma me fez ganhar sonolência e ir caindo no chão - graças aos deuses - cobertas com inúmeras folhas de árvores caídas. Ao cair, percebi que tinha voltado em minha forma normal, humana. Mas o anel, continuava lá no alto da árvore. Rolei para o lado rapidamente e deparei-me com um gigante azul. Eu já havia lido sobre ele no acampamento, era um hiperbóreo. Bom, pelo vento frio e o "bóreo" dava para ter uma noção que se tratava de um gigante de gelo. Seu sopro podia congelar, então rolei para longe do alcance de sua boca. Minha vantagem era que esses seres são lentos e burros, mas a desvantagem, bom... eles são enormes e muito fortes! Desenrolei rapidamente meu chicote do cinto e acionei meu bracelete, que se transformava em uma armadura completa - muito sexy e.e -, incluindo elmo. Me posicionei na frente daquele bicho, mas pronta para correr ou esquivar caso ele tenha a audácia de soprar gelo em mim. Não sei se minha armadura me protegeria do gelo, mas não iria arriscar.
- Hey grandalhão barrigudo! - berrei para que ele escutasse muito bem - Vou passar as regras, vá embora e deixe eu pegar o anel de Ártemis... - tá bom, isso foi algo realmente estúpido de falar, ele podia ser burro, mas não iria me obedecer. Ele ficou realmente enraivecido pela minha audácia, ou estava apenas com uma dor de estômago daquelas. Provavelmente era a primeira opção. Eu não queria dar a chance de ele me pisotear, precisava de mais espaço. Corri, então, até uma clareira á menos de 50 metros dali, e gritei:
- Aqui meu gosto fica mais realçado, sabia? - ele urrou e veio correndo até mim.
- Comer a filha de Afrodite! - ele parecia com fome. Ele avançou com as mãos erguidas, pronto para agarrar meu pescoço, esperei um pouco mais e rolei para o lado. Tive uma ideia então, apertei novamente meu bracelete e a armadura desapareceu. Me transformei um elefante adulto e corri de encontro com o Hiperbóreo. Ele, confuso e pela força do choque, caiu com um barulhento estrondo. Voltei á minha forma natural.
- Quem é seu senhor?
O gigante do gelo, apesar de abalado e surpreso, levantou-se rapidamente.
- Senhora, tenho uma senhora! - ele sorriu como se pensar nela o fizesse bem. Ou ele estava apaixonado por essa senhora, ou estava pensando na melhor forma de me assar. Não quis pensar mais na segunda opção. Peguei meu chicote e estalei, as pontas bateram em uma árvore, fatiando-a no meio como folha de papel. Sorri. Ele ficou furioso com isso e se preparou para soprar vento frio em mim. Rolei para o lado antes de ser atingida e estalei o chicote no peito dele, ele não virou pó, mas abriu fundas perfurações, o que fez o gigante ficar zonzo.
-Vento frio em mim não, não faz bem para a pele! - falei zangada estalando o chicote mais vezes até machucar muito, ou, na melhor da hipóteses, transformá-lo em pó. Quando ele estava pra-lá-de-baguidá, resolvi correr de volta para o meio das árvores, onde o anel de Ártemis estava. Eu fiquei atenta á qualquer rajada de gelo ou passos pesados, mas nada aconteceu. Transformei-me novamente em águia de rapina e voei até o topo da árvore e peguei o anel com o bico. Resolvi que seria melhor fugir pelo ar, não poderia voltar para pegar minha mochila, seria perigoso demais, mas ainda achava estranho que o gigante não tivesse me seguido. Ou eu havia de fato liquidado ele, ou ele havia desistido. Resolvi não pagar pra ver. Voei com o anel de Ártemis na boca até me cansar. Pousei em Nova Iorque e guardei o anel no bolso. Não sabia onde eu iria devolver o anel para Ártemis, mas não podia ficar aqui atraindo monstros com meu sangue divino, precisava voltar ao acampamento, lá eu iria encontrar a deusa da lua, provavelmente. Rezei para que pelo menos ela agradecesse.